Os veículos autônomos criarão novos empregos na mesma proporção que cortarão postos de trabalho?

Os veículos autônomos estão cada vez mais próximos de ganharem as ruas em definitivo. Alguns especialistas acreditam que em até dois anos eles já serão uma realidade nas ruas e estradas dos Estados Unidos da America. Trata-se de um processo disruptivo sem precedentes.

A imagem acima mostra um motorista que tira as mãos do volante, enquanto testa o  "NuTonomy", serviço de taxis operados por carros robôs em Singapura (Foto de Yong Teck Lim, AP - publicada no San Francisco Chronicle).

Apesar de algumas promessas de ganhos para o meio ambiente, como redução na poluição do ar, menor trafego de veículos nas grandes cidades, redução de acidentes fatais, modelos de transportes com custo reduzido o fato é que essa mudança de paradigma trará impacto direto no mercado de trabalho.

É fato que toda nova tecnologia gera novas posições de trabalho e a necessidade de se desenvolverem novas especialidades. No entanto, ainda não está claro se a nova disruptura na indústria automobilística será capaz de produzir novos trabalhos e principalmente repor as posições que serão perdidas para os veículos autônomos. 

Cerca de 3.8 milhões de americanos trabalham como motoristas de veículos, aqui incluindo, motoristas de caminhões, vans de entrega rápida, motoristas de ônibus, taxistas. 1 milhão de pessoas são motoristas temporários dos aplicativos mobile como o UBER ou Lyft.


O Brasil tem mais de um milhão de profissionais das estradas com autorização para transportar cargas acima de 500 quilos e exercer o serviço mediante remuneração. O número de caminhoneiros que possuem cadastro no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC) representa um aumento significativo de trabalhadores do ramo, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Em todo o mundo estima-se que 100 milhões de pessoas trabalhem atrás de um volante.


Alem dos empregos diretos toda uma cadeia de empregos indiretos será afetada. Um exemplo são as redes de postos de auto serviços nas estradas com toda uma equipe de prestadores de serviços, para oferecerem atendimento a essa multidão de motoristas, que precisam se alimentar, dormir, fazer uma aposta na loteria ou mesmo pagar uma conta durante um "pit stop" em um posto de serviços.

Muitos especialistas também estão prevendo que com o tempo irá cair a venda de carros, pois será mais barato e prático utilizar serviços oferecidos pelos veículos autônomos. Isso trará impacto na revenda de novos e usados e na indústria de seguros. Só nos EUA, estima-se que 1.3 milhões de pessoas trabalham em revendas de carros.

Em um primeiro momento passaremos para um modelo misto com “drive assist”, onde o veículo será monitorado remotamente por uma central de controle. Algo como já ocorre nos jatos, onde os pilotos, acompanham as decisões tomadas pelos computadores de bordo. Isso irá gerar uma nova profissão a dos administradores remotos de veículos autônomos. Modelo como este já estão em testes ou em operação limitada por empresas como a FEDEX, Uber, Google e a NuTonomy.

Outras profissões e serviços irão surgir, para preencher novas necessidades dos agora passageiros e não mais condutores. Imagine que durante uma corrida teremos tempo livre para interagir com uma série de serviços online como jogos ou sites de notícias, assistir vídeos, realizar compras, refeições, ou mesmo fazer uma massagem ou cuidar das unhas. Uma vez que não teremos mais que nos preocupar com a condução, poderemos transformar o nosso carro ou um taxi robô em uma extensão da nossa sala de estar ou da nossa escrivaninha de trabalho. 

No entanto, não está claro que as novas posições serão criadas de forma proporcional para repor todas as vagas que serão perdidas com a nova indústria da automação dos modais de transporte.

Novas tecnologias normalmente passam por uma curva de adoção e crescimento, foi assim com o advento do rádio, da TV colorida,  com a internet e com os smartphones. A cada novo avanço o período de adoção vem crescendo de forma exponencial. Portanto, os veículos autônomos não são mais uma promessa para as próximas décadas e sim algo que acontecerá muito em breve e que terá uma curva de penetração muito acentuada.

A única certeza é que os veículos autônomos deixaram de ser uma fantasia dos filmes e desenhos de ficção dos anos 60, para ser tornarem uma realidade que já está as nossas portas e mais cedo do que imaginávamos teremos que lidar com as mudanças que trarão para a legislação, para o mercado de trabalho e para a economia como um todo.


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